A Azul Linhas Aéreas quer ter 100 aeronaves, atender 70 cidades e ter entre 15% e 20% da demanda doméstica em cinco anos. Essas metas deverão ser alcançadas por meio de crescimento orgânico, diz o fundador da empresa, David Neeleman.
Suas projeções indicam que a Azul quer aumentar em cinco vezes sua frota atual, de 20 aviões. Em número de cidades atendidas, a empresa pretende dobrar sua operação, atualmente em 35 destinos. Na participação de mercado, de 6,14% em agosto, a companhia planeja triplicar sua demanda.
O executivo conta que a Azul deverá ter "lucro definitivo" em 2011, após a empresa alcançar economia de escala, com 26 aeronaves, o que acontece até o fim deste ano.
"Podemos ser a Southwest brasileira", diz Neeleman, referindo-se à maior empresa aérea de custos e tarifas baixas do mundo. A Southwest tem 544 aeronaves, todas do modelo 737, da Boeing. São em torno de 3,5 mil voos por dia apenas nos Estados Unidos, já que ela não opera voos internacionais.
Curiosamente, uma das aquisições protagonizadas pela Southwest foi a da Morris Air, em 1993, pequena empresa aérea de Salt Lake City (Utah), que teve como um dos fundadores o próprio Neeleman. A Southwest também comprou a Muse Air e a Ata Air.
Quando lembrado que a Southwest fez aquisições para crescer e questionado se foi procurado ou procurou companhias aéreas após a criação da Latam, Neeleman garante que não houve qualquer flerte, seja ele internacional ou nacional.
Como parte do seu plano de crescimento orgânico, a Azul planeja ter cinco aeroportos que servirão como centros de distribuição de voos (ou hubs). O primeiro e mais conhecido é o de Viracopos, em Campinas. Internamente, a empresa já trata Salvador como hub. Os três restantes o executivo preferiu não revelar ainda. "São aeroportos com mais de 20 voos por dia cada um", diz o executivo.
A recente aquisição de turboélices ATR 42-600, para cerca de 70 passageiros, faz parte da estratégia da Azul de aumentar sua atuação em cidades que não são atendidas pela aviação. O pedido total inclui 40 aeronaves, sendo 20 pedidos firmes e 20 opções de compra. Caso estas últimas sejam exercidas, o investimento total chega a US$ 850 milhões.
Neeleman estima que a Azul tem potencial para atender pelo menos 30 novas cidades de médio porte com os turboélices. "Há 15 anos o transporte aéreo atendia em torno de 300 cidades. Hoje eu acredito que são cerca de 100 municípios", diz o executivo.
Azul também vai continuar a investir no consumidor da classe C. Neeleman informa que uma parceria em curso com o Bradesco será estendida para mais duas instituições financeiras, o Banco do Brasil e o Itaú. Segundo ele, correntistas desses bancos não precisarão ter cartão de crédito para comprar passagens em quatro vezes sem juros.
Neeleman faz uma avaliação dos efeitos da consolidação no setor aéreo, especialmente após a criação da Latam Airlines, fusão entre o grupo chileno LAN e a TAM. "A consolidação entre a LAN e a TAM não afeta nossos planos. Em cinco anos, vamos ter 200 milhões de passageiros no país por ano e mais 300 aviões. Tem bastante mercado aqui, não precisamos ter voos internacionais", diz Neeleman, também presidente do conselho de administração da Azul.
Quando a Azul começou a operar, em 2008, as empresas aéreas transportaram no país em torno de 50 milhões de passageiros. Para ele, o maior impacto da criação da Latam será nos mercados internacionais. No entanto, após o anúncio da Latam, o presidente do conselho de administração da holding TAM S.A, Marco Antonio Bologna, disse ao Valor que a TAM continuaria a investir com força no país para consolidar sua liderança.
Fonte: Valor Econômico